quinta-feira, 9 de abril de 2009



A loucura

Num dia todos esperam, noutro todos a temem. Ela chega mansa e tira a sensação de controle, o impulso de vida. Para alguns dá um mundo jamais visitado, onde acabam se perdendo em meio à alucinações e delírios, fantasias de um mundo irreal.

Pra que ser Alice se é possível ser uma Cinderela? Talvez não seja tão possível assim. Não são Cinderelas que vejo nos corredores daquele hospital psiquiátrico e sim personagens que dizem a todo momento um não ao sim que a vida quis impor. Sujeitos alienados que se rastejam pelos corredores em meio aos seus murmúrios e dores.

Sempre acreditei que as dores da alma fossem as piores dores que pudessem acometer um ser humano. É triste andar sem ver, mais triste ainda é não saber para onde se vai.

A cada vez que passo pelas alas daquele hospital um arrepio me alcança o corpo. Mas ontem foi um dos piores dias, depois de ver uma adolescente buscando sua identidade, outra chorando como uma criança por um copo de leite, vi um garoto que me esperava, sentado na porta da minha sala, com alguns desenhos nas mãos. Ao me ver ele fez apenas um pedido, um mesmo pedido por repetidas vezes. "- Doutora? Reza pra mim!"

Fiquei me questionando, onde estaria Deus para aquele garoto? Onde estaria a vida que lhe foi roubada? Quis entrar com ele na sala, deitá-lo no colo e fazer orações naquele momento, mas não seria possível, pois não tinha terminado a sessão.

Mais tarde, lendo meus livros para monografia deparo-me com o seguinte trecho:

"Não devemos nos contentar com um Deus pensado. Porque quando a razão nos abandona, nos abandona também Deus."

Seria esta a resposta para minha primeira pergunta?

Neste momento parei pra pensar que Deus não tinha abandonado aquela alma. Ali, a razão fazia ausência.
Continuo fazendo minhas orações para que ele possa encontrar Deus e acalmar suas emoções mesmo não tendo consciência de como isso aconteceu.

Thâmile Vidiz

Um comentário:

  1. A-D-O-R-E-I!Seu texto me faz pensar...é como aquele poema "Pegadas na areia":

    Pegadas na areia/Mary Stevenson

    Uma noite eu tive um sonho...
    Sonhei que estava andando na
    praia com o Senhor,e através do
    Céu, passavam cenas de minha vida.
    Para cada cena que passava,percebi
    que eram deixadas dois pares de
    pegadas na areia;um era o meu e o
    outro do Senhor.
    Quando a última cena de minha vida
    passou diante de nós,olhei para trás,
    para as pegadas na areia,e notei que
    muitas vezes no caminho da minha vida
    havia apenas um par de pegadas na areia.
    Notei também que isso aconteceu nos
    momentos mais dificeis e angustiosos
    da minha vida. Isso aborreceu-me deveras,
    e perguntei então ao Senhor:
    "Senhor, Tu me disseste que,uma vez que
    eu resolvi Te seguir, Tu andarias sempre
    comigo, todo o caminho, mas notei que
    durante as maiores atribulações do meu
    viver havia na areia dos caminhos da
    vida, apenas um par de pegadas.
    Não compreendo porque nas horas
    em que eu mais necessitava de Ti,Tu me deixastes".
    O Senhor respondeu:
    Meu precioso irmão, Eu te amo e jamais
    te deixaria nas horas da tua prova e
    do teu sofrimento.
    Quando vistes na areia apenas um par
    de pegadas, foi exatamente aí que
    EU TE CARREGUEI EM MEUS BRAÇOS".

    Abraço apertado*

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